Estou em København, linda capital da Dinamarca
situada numa ilha em plena Europa nórdica. Primeiríssimo mundo,
mas longe de ser um paraíso. A imigração em massa de habitantes
do Leste Europeu trouxe para a cidade também sua cultura e sua religião
intitucionalizada (muitos são muçulmanos). Muitos moram aqui há
anos e não falam uma palavra em dinamarquês. Há pouco tempo,
um irmão matou a própria irmã à queima roupa, com um tiro na cabeça,
numa estação de metro na frente de todo mundo, porque ela havia
desonrado a família. Eles preferem ver a pessoa morta a conviver
com ela na desonra. Essa desonra tanto pode se dar por um
simples beijo na boca de um desconhecido quanto por querer
se envolver com alguém de outra religião (recomendo fortemente
que se assista o filme "Before the Rain" que versa sobre este assunto).
Aqui ninguém enche o saco de ninguém, é *muito* cada um na sua.
Chega a dar nos nervos pra quem não está acostumado, pois parece
que eles não conseguem reagir a nada. E também porque se você
reagir com o tipo de pessoa errada, pode se ver em maus lençóis.
Existe um código de hierarquia entre certos grupos de cultura mais
primitiva que também imigraram para cá que permite ao lider deste
grupo fazer o que quiser sem ser incomodado. Quem reclamar,
leva algo em troca, e geralmente estah troca nao eh nada agradavel...
Como diria meu amigo Daniel, na casa de quem estou hospedada,
a Dinamarca eh quase um comunismo. Setenta por cento do que
você ganha vai pro governo como imposto. Em compensação, você
não vê quase nada de pobreza e todos os serviços essenciais
são gratuitos e de muito boa qualidade.
Esta cidade me encantou desde a chegada. Os cheiros aqui são diferentes.
Já eh outono, mas a temperatura ainda te permite sair às ruas. Muitas,
muitas, mas *muitas* bibicletas. Fiquei com saudade da minha magrela.
Vim pra cá dar uma palestra sobre o EL, na aula inaugural da discipina
de midia do Brando LaBelle
?, figuraça que conheci em Curitiba graças
a uma articulação do glerm e do otávio camargo para uma exposição
"site specific" em janeiro deste ano. Foi nessa exposição que rolou
a primeira panelada de dados puros cozidos. Naquela época, Brandon
parecia um tanto "indeciso", e não conseguia interagir muito bem
com as propostas caóticas da turma do tudoaomesmotempoagora.
Agora eu entendo um pouco melhor pq ele era tao ressabiado.
A Royal Danish Academy ainda eh uma escola muito "tradicional".
E o muy loco de la cosa eh que eh o proprio Brandon que estah
se propondo a mudar isso. Hoje fui eu que ele chamou a instigar
os alunos. Daqui a um mês, será um artista daqui da dinamarca
que usa puredata. Pois é...
Bem mas na real, o muy loco de la cosa não é isso.
É estar na audiência Gabriela, intercambista colombiana que
fascinou-se com nosso trabalho e quer muito fazer um projeto
em conjunto.
Duas garotas do terceiro mundo, tiveram de ir ao primeiro
para se encontrar. Isso sim eh muy loco.
E olha, tenho fé que isso vira. Tenho certeza de que
não foi a toa que nossos caminhos se cruzaram.
Segue abaixo o email dela.
From: Gabriela Torres
Date: Oct 4, 2006 1:00 PM
Subject: proyecto para Colombia
To: fabs@estudiolivre.org
Hola Fabianne,
Primero que todo quiero decirte que me encanta el trabajo que estás
haciendo, me parece buenísimo haberte conocido y a continuación te
mando las ideas que se me han ocurrido, estoy esperando de que con tu
experiencia y mi conocimiento de la situación en Colombia, podamos
sacar algo muy bueno de esto.
En primer lugar, pienso en la fundación con la que te comenté he
estado trabajando como voluntaria desde hace algunos agnos. El link es
www.promesa.org.co
si quieres ver más específicamente los proyectos, entra a la sección
de actividades y allí los más compatibles con estudio livre son el de
la ludoteca y el de ayuda a los colegios rurales. El problema más
grande que tenemos es que es muy costoso el acceso a internet desde la
región.
Por otro lado, está el movimiento social con el que estoy trabajando.
La idea que tenemos es hacer de la política una obra de arte y a
través de esto buscamos involucrarnos en proyectos que ayuden a la
construcción de la ciudadanía y de la democracia, la idea del acceso
de todos a la tecnología es muy democrática y por esto creo que es un
proyecto que puede ser llevado a cabo en conjunto con Visionarios.
Además de esto, tenemos dentro del movimiento mucha más capacidad de
acceso a regiones pobres dentro de las ciudades y tal vez, más
probabilidades de encontrar una población más grande para trabajar.
Finalmente, me acordé que mi mamá solía trabajar para Colgate
palmolive, que es una de las multinacionales que recoge computadores
viejos para las escuelas pobres, así, que con la ayuda de las amigas
de mi mamá que todavía trabajan en colgate, podemos identificar
poblaciones y donaciones para implementar el proyecto, o incluso pedir
donaciones para poblaciones identificadas por nosotros.
Por el lado de la universidad, encontré que hay en la facultad de
administración un organismo dedicado a la iniciativa en
emprendimientos sociales link:
http://administracionf.uniandes.edu.co/ieso/
Y también está la posibilidad de entrar en el concurso para ver si
podemos tener fondos.
A partir de estas ideas no se cual sería un plan de acción, creo que
primero contactar a las fuentes y después ver como se puede
organizar... por favor cuéntame que piensas que debe ser el plazo a
seguir y como debo involucrar a los distintos organismos.
Quedo a la espera de una respuesta
Gabriela